DISPARIDADES
“DISPARIDADES”
Ana Maria Stoppa
O pobre tem fome,
O rico tem pão.
O pobre, uma fome,
O rico, dois pães...
O pobre tem frio,
O rico, agasalho...
O pobre, em lágrimas,
O rico, só festas...
O pobre é descalço,
Roto, frágil, amarelo.
O rico, tanta nobreza,
Reluzente realeza...
O filho do pobre tem
Sede,
Até a água lhe falta,
O filho do pobre tem
Fome,
E não tem o que comer...
O filho do rido
A fartura esbanja
Em trajes, posturas.
Sua mesa, sempre farta,
Repleta de iguarias
De tantas variedades,
Que tudo é felicidade...
Seu mundo é uma redoma,
Repleto de abastados,
De gente influente,
Importante,
Que não vê o outro “lado”
Do vidro tão embaçado,
O clamor de tantos pobres...
Mas, com o Criador do Universo,
Tudo é branco, muito igual;
Vejam, na hora da morte,
A sorte que o rico tem...
Desfaz-se a frágil matéria,
Restam ossos, nada mais...
Tanto do rico,
Como do pobre,
Os ossos serão iguais.
No contexto do Universo,
Há um ponto de encontro,
Que jamais alguém explica.
Na vida, o pobre chorou,
Pediu, implorou e calou.
O rico tudo alcançou...
Mas, no momento final,
Não valem dotes ou heranças,
Não será o fim de ambos,
Mas o fim das “disparidades”,
Início da IGUALDADE!
( Do livro “Diagnóstico” )