UM SOL UM CAMINHO
A todas e a todos que me estimam
UM SOL UM CAMINHO
Não sei se a luz
será o meu destino
sei que
por vezes
me sinto demasiado sozinho
Um sol um caminho
À beira mar
sinto as pedras
a me tentarem magoar
ou se calhar
apenas a abençoar
a minha andança errante
pois cada passo que dou
nunca será como dantes
Baixo-me
para acariciar a ideia na forma de areia
e ver como gosto dela
num gesto vão
que me lembra
quem tenho
e aqueles e aquelas
que dentro de mim
já não estão
Sinto
a maresia
a banhar-me
na sua carestia
sinto
o sabor salgado
nos lábios
e tenho pena
que neste momento simples
ninguém
esteja a meu lado
E o cenário muda
subo
a uma montanha
e que
ideia tamanha...
Tentei lá
encontrar um Deus
que julgo perdido
pois já não o sinto
comigo
E pergunto à simplicidade
da natureza
aos pássaros, às árvores
ao âmago da sua beleza
Porque voam
porque crescem
qual a razão
a raiz
da vossa natureza
E eles e elas não respondem
continuam a viver
como se eu lá não estivesse
ou como se fizesse parte delas
e deles
todo completo
que eu não percebo
embora tente perceber
Bebo então
um pouco da água cristalina
de um riacho puro
e tento perceber
e em tudo novamente matuto
Porque muitas vezes
os caminhos que trilhamos
não são ocasionais
quem os escolhe somo nós
embora
isso possa parecer
meramente ocasional
Percebo finalmente
o sentido de tudo
porque a voz da natureza
assim mo diz
e então
afastado
da minha cidade
de tudo o que sou
me sinto feliz
Percebendo
que não é preciso um Deus
para abençoarmos a Imensidão
não é necessária
a sua atenção
é imprescindível sim
que gostemos
e que saibamos gostar
daqueles seres
que nos estimam
ou irão estimar
Percebo
que a quem amo
mesmo que não estejam presentes
estão sempre comigo
e por isso retomo a marcha
nesta paisagem estranha que faço todos os dias
n'
Um sol um caminho