Sublimar

Somos sublimes quando

Detemos aquele instante inútil

Que persuade nossa harmonia

Ao suicídio e nos calamos

Para que a torpeza dos imbecis

Não contamine nossa translação

Somos sublimes quando capazes

De empunhar uma poética

Verdadeiramente poética

– A poesia se liberta –

É sólida em seu instante

E se dispersa

Somos sublimes quando

Nossa força esgota

E mesmo assim levantamos

Para atravessar o esgoto

Na inválida tentativa

De validar nosso rosto

Somos sublimes quando

Anulamos a lógica do mundo

E rejeitamos ditames malignos

Quebrando o inquebrável

Destino consigno

Somos sublimes quando

Vazamos o hermetismo

E rimos de nosso martírio

Regamos os lírios

E o perfume torna ao sentido

Sublimar é ser não mítico

Sublime estar de espírito

O homem livre

Ritual
Enviado por Ritual em 10/10/2006
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