Sublimar
Somos sublimes quando
Detemos aquele instante inútil
Que persuade nossa harmonia
Ao suicídio e nos calamos
Para que a torpeza dos imbecis
Não contamine nossa translação
Somos sublimes quando capazes
De empunhar uma poética
Verdadeiramente poética
– A poesia se liberta –
É sólida em seu instante
E se dispersa
Somos sublimes quando
Nossa força esgota
E mesmo assim levantamos
Para atravessar o esgoto
Na inválida tentativa
De validar nosso rosto
Somos sublimes quando
Anulamos a lógica do mundo
E rejeitamos ditames malignos
Quebrando o inquebrável
Destino consigno
Somos sublimes quando
Vazamos o hermetismo
E rimos de nosso martírio
Regamos os lírios
E o perfume torna ao sentido
Sublimar é ser não mítico
Sublime estar de espírito
O homem livre