Poeta Metafísico

De uma coisa eu sei!

Eu nunca errei!

Não sou humano, nem semideus

Sou poeta

Sou senhor da minha razão,

Mestre das minhas emoções

De tudo, um pouco eu sei

Da natureza, do universo, da vida

No meu pequeno mundo

Posso e sou o “criador”

Nas linhas retas da vida

Eu vou escrevendo

Afinal, eu sou poeta

Essa é a minha vida,

Esse é o meu ofício

Escrever sobre o que sinto

Ou sentir o que se escreve

Talvez, seja essa minha dádiva,

O meu único dom

E, com um lápis e um papel

Escrevo sobre as coisas da vida

Mas, nem sempre de tudo sei

Por isso, muito de vez em quando

Torno-me humano e assim

Erro como todos os outros

Sonho como todos os outros

Danço canções antigas

Rio de piadas sem graça

Busco a todo instante

Um fragmento de felicidade

Alegro-me, entristeço-me

Perco a fé, recupero-a

Choro e sinto revolta

Penso em mudar o mundo

Imagino a igualdade para todos

Sinto fome, sinto sede

Tenho lembranças e sinto saudades

Penso, sinto e ajo como humano

Sei de todas as suas qualidades

E sei de todos os seus defeitos

Nesse tempo em que me disfarço

E vivo em sociedade

Aprendo sobre muitas coisas

Mas, há coisas que não entendo

Principalmente sobre a bondade

E a humildade que muitos têm

O que leva um homem a ser bom?

Por qual motivo ele o é?

Que recompensa ele terá?

Talvez, por ser poeta

Tenha perdido esse sentimento

Em um soneto qualquer

Entre estrofes rimadas

E sentimentos inventados

Todavia, de nada me arrependo

Do tempo em que fui humano

Senti a liberdade de viver

Pude pisar descalço na terra

Pude andar sorrindo na chuva

E de braços abertos banhar-me

Nas salgadas águas das praias

Pude observar as estrelas e a lua

Pude sentir o tempo passar

Minha pele do rosto envelhecer

Meus cabelos aos poucos embranquecerem

Posso dizer que fui feliz

Posso dizer que de tudo fiz

E agora, eis-me aqui!

Um poeta qualquer que,

Com versos nostálgicos

Lembra de lembranças

Que de fato nunca viveu

Eis-me aqui,

Um poeta qualquer,

Sentado em um lugar qualquer

Inventando amores e dores

Que nunca sentiu

Eis-me aqui,

Um pobre e triste menino

Acuado diante da vida

Inventando uma saída

E na última esperança

Deixa de ser poeta

E torna-se Semideus