Entre Mundos Astrais
Quando as brumas molharem meus pés,
No declínio desta Aurora,
Esquecerei-me dos tempos de outrora,
Seguirei a essência das Alfazemas e Aloés...
Em um suspiro longo e profundo,
As pálpebras descerão suaves,
Sentirei dentro de mim o mundo...
Voarei então, feito as aves...
Estarei sempre em 'meus lugares',
Oscilando nas eternas fronteiras,
Para que de dentro de mim corredeiras,
Transbordem meus lagares...
E que meu fogo ardente nunca cesse...
E que minhas águas mantenham-se revoltas...
Que o azeite que sobre minha cabeça desce,
Faça todas as minhas almas voarem soltas...
E que lugar explêndido e fantástico!
Fortalecido com gigantescas colunas...
Onde as lembranças transformam-se em dunas...
Onde feridas são apenas clásticos...
Onde estou, não importa, onde quer que esteja...
Meu refúgio é oculto, paraíso e inferno juntos...
No meu íntimo a Vida... a Morte... Festeja!
Dentro de mim é o portal dos muitos Mundos!
São Paulo, 15 de Setembro de 2010.
Publicado em Mural dos Escritores
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Comentário de Ana da Cruz
Somos 80% interioridade, do que já somos e do que apreendemos das coisas e interiorizamos. Inácio Larrañaga diz que o processo de caminhar para o núcleo, para a última solidão de que já falou Escoto é o âmago do ser, o que ele realmente é. O que se projeta forma uma terceira pessoa, que é a imagem, pois quando o Eu encontra-se com Você, nasce um terceiro elemento, filho de nosso contato: a imagem que cada um tem do outro. Ana da Cruz. Grata por me lembrar.
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Entre Mundos Astrais de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0
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