CORAÇÃO MORIBUNDO

Do fundo de minh’alma
Brota o suspiro que não acalma,
E de cabelo ao vento exposto
Forço um sorriso no rosto.

Sinto o coração moribundo.
Quero detestar o mundo,
Mas Deus, divino criador,
Mostrou-me a vida numa flor.

A luz irrompeu milagrosamente,
Rasgou as nuvens a lua crescente.
A turbulência agora é maré mansa,
O barco da esperança não mais balança.

Deus, que é só verdade e amor,
Projetou todo seu esplendor
No céu de estrelas cambiantes.
Dos meus olhos lágrimas gotejantes

Libertam da cela do peito
O coração vazio, imperfeito.
A fé não é mais como folhas amarelas
Caídas nos parapeitos das janelas.

Por que sofrer, duvidar tanto,
Vincar o rosto com o gume do pranto,
Teimosa percorrer estrada medonha
Se tudo que a alma sonha

Está na força do universo,
Tantas vezes cantado em verso,
Pelo poeta que a luz da lua medita
Buscando a inspiração bendita?

Obrigada! Da Tua voz entendi a tessitura

E das notas o esplendor da altura.
Teu conselho em forma alegórica
Claríssimo tem toda lógica.

Eu Te procurei entre quatro paredes
Envolvi-me nas malhas de muitas redes
E Tu estavas ali, no mar, na terra, na natureza
Pleno de amor, sabedoria e grandeza.


Viver Contigo não é façanha,

Às vezes, como um toureiro de Espanha,
É preciso enfrentar o touro brigador
Para ser, no Teu amor, um vencedor.

22/08/10

(Maria Hilda de J. Alão)