Via Poética Crucis

Cuspam em minha esmilinguida face do Pretório ao Calvário, magoem as chagas desoladas de meu corpo extasiado com as chibatas esmeradas do descrédito insano vão;

Já fui condenado, rasgaram minhas vestes, tecidas com o linho do rancor pouco são, Pôncio lavou o prato e me serviu excremento, o povo clamou minha putrefação;

Pobre de meus filhos que agora não entendem, o amor que preguei exalta a união, querido Pedro com as três negativas, demonstra o temor de uma ingênua nação, para se enxergar o invisível, se enxerga com os olhos que não são o da visão;

Coloquem em meus ombros este pesado fardo, madeira maciça talhada na mão, perdôo quem a fez para o martírio, meu fardo que mais pesa é a incompreensão;

Se caio pela primeira vez, são as dores do meu coração,ingiro terra, me ergo tenho força, sei há tempos que meu lugar não é o chão, em meio ao torpor enxergo Maria, mãe me leve é muita expiação, mas, me recordo que as feridas da vida, são importantes para depuração;

Simão Cirineu obrigado pela ajuda, faça o mesmo com todos seus irmãos, em um momento com quem ninguem eu contava, tua força amenizou minha sofridão, Verônica com os lenços da vida, acarinha o meu rosto, antes de eu voltar logo ao chão, costelas quebradas, estou perdendo a vida, lembro do Getsamine, entro em oração;

Aos tropeços e devido à fadiga, caio de novo, quanta humilhação, lembro-me de quando ainda menino, para os sacerdotes ensinei a compaixão;

Despedaçem com força minhas vestes, cravos afiados batam em minha mão, cada gota de sangue que verte, doi-me na alma,ergam- me do chão, me deem este fel amargo incrédulo, olho para o lado encontro um irmão, prometo que tão logo como ele tão sabe, estará junto a mim, a sua fé foi a salvação;

Suspiro, meu corpo jã não responde, este jaz na cruz da dura ilusão, só peço, já menos agitado, peço somente que essa humilde nação, reconheça que tudo que foi pregado, por um filho de marceneiro tão simples, que da manjedoura e com os pés no quente chão, que o amor que doamos ao outro, volta em dobro, amar é a razão, já é chegada a hora,a incredulidade silenciou meu coração, eis a Via Poética Crucis, amai uns aos outros esta é a lição;


Deus, meu Deus, por que me abandonaste?


Dedico tão singelos versos a um grande ser iluminado que tão somente pregou o amor e a compaixão, ser de luz Jesus, estás em meu coração!
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 09/08/2010
Reeditado em 17/11/2015
Código do texto: T2426948
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