VIDA PREGRESSA
Sentimento estranho que invade minha alma,
Isola-me deste mundo em momentos de reflexão,
Viajo pelo tempo e como um sonho me aflijo,
Buscando na consciência o motivo e a razão...
Mesmo no meio do povo sinto-me sozinho,
Isolado e apavorado, tenho medo da solidão,
Vejo-me criança sem meus pais e sem guarida,
Largado nesta vida sem ter um teto e sem ter pão...
Os olhos vagueiam sem rumo e sem destino,
Implorando uma esmola pelo nosso criador,
Perdido nesta rua sem amor e sem carinho,
Com fome, mendigando pôr um gesto de amor...
Sou órfão de pais, de amigos e de parentes,
Sozinho neste mundo sem ter como viver,
Sentindo a amargura e o desprezo desta vida,
Sem ter onde buscar o alimento pra comer...
Sou ainda uma criança de apenas nove anos,
Que no meio de estranho tento enfim sobreviver,
Com a morte dos meus pais os amigos foram embora
E entregue à própria sorte não sabia o que fazer...
Chegando à noite o medo de mim se apoderava,
De frio, tremendo não conseguia nem dormir,
A lágrima quente acariciava o meu rosto,
O choro contido eu não conseguia mais fingir...
Olhando para o céu falava com a minha estrela,
Em soluços implorava que velasse então pôr mim,
Que me levasse ao encontro de um abrigo,
E me tirasse do relento pra que pudesse dormir...
Um pedido muito simples, mas pra mim era bastante,
Para quem não tinha nada e nem ter pra aonde ir,
Viver como gente simples éra só o que eu precisava,
Que me desse o direito de brincar e de sorrir...
A fome era tão grande e o auxilio não chegava,
De joelhos então rezava pra Jesus o salvador,
Que foi pôr ele que meus pais foram queimados,
Pôr um soldado impiedoso de um tirano inquisidor.
Quando eu pensava que a morte me espreitava,
Sombria e gélida como o inverno que passou,
Vi uma mão se estender no meio da noite,
Com um cobertor me aqueceu e me abraçou...
Naquele instante de emoção desfaleci,
Ouvi uma voz falar bem claro ao coração,
Que o sofrimento é o alimento do espírito,
Que é pela dor que temos nossa salvação...
Aquela voz vinha de um anjo reluzente,
Dentro de um barco junto com meu velho pai,
Disse-me ainda, sede forte e sê prudente,
Para ser justo, ter muito amor e muita paz...
Com o balanço da maré senti a brisa,
Que acalmava e conduziu-me até o cais,
O que sentia foi aos poucos serenando,
Voltei ao corpo, livre de todos meus ais...
Voltei a si e vi alguém que me abraçava,
Uma mulher de cabelos loiros angelicais,
Em seus braços, contra o peito me afagava,
Então sorri, o que vivi não era sonho, era real...
Quando acordei daquele transe que eu estava,
Eu entendi o que passou e sucedeu,
Fui reviver uma existência do passado,
Em outra vida como tudo aconteceu...
Agora entendo porque sofria nesta vida,
Quando eu pensava na terrível solidão,
Não estou só, pois tenho Deus em meu caminho,
Tenho meus pais, tenho amigos e tenho irmãos,
Tenho o amor de minha esposa e quatro filhos,
E uma família que se chama UNIÃO!!!