PELAS TRISTEZAS QUE ME NASCEM
Se for o meu barco
Que afundar...
Se for o meu carro
A se encontrar com o poste...
Se for o meu avião
A se estilhaçar...
Se for as minhas veias
A se rasgarem...
Se for a minha vida...
Que eu possa pousar
Nas papoulas
E sentir o novo aroma...
Que eu possa
Apagar-me com a mansidão
Da última estrela
Que foge vagarosa da luz...
Que eu possa partir
Ainda iluminada
(Como meu pôr-do-sol preferido...)
Que eu saiba que essa vida
nem é tão minha assim...
Mas se não for eu,
Mas meu filho
Minha filha...
Que eu possa agradecer
Esse etéreo milagre
Que permanece
e convida a renovar...