O MEU RIO
Obrigada, Senhor, por este rio
de palavras que navego;
Por estas noites sem tédio
em que às palavras me entrego
de corpo e alma sem escusas;
Por esta lava de ideias
que dá calor ao meu frio
e aos meus males remédio;
E pelo cantar de sereias
com que me brindam as musas
Obrigada, Senhor, por este sonho
que ilumina as madrugadas
cinzentas, pardas e feias;
Pelas suas cores que eu disponho
em arco-íris de alvoradas
nas sombras das minhas teias;
E pela tua voz bendita
posta em minha inspiração
raio de luz na desdita
da minha alma em solidão
Senhor... Bom e omnipotente
que o bem semeias e lavras
e tudo nos podes dar
das nossas preces ciente;
Rogo-te mais um presente
põe teu pé na minha estrada
condão e pena de fada
e ajuda-me a transformar
o meu rio de palavras
em poemas feitos mar!
(In "Ecos do Infinito")