HÁ NA SOMBRA CERTO ESPELHO DE MIM
Há na sombra certo espelho de mim.
O vulto que não quer se revelar,
A boca silenciando as vozes,
O susto, as vertigens e o desvairo.
Todos assomam em mim nessas horas.
Não sei onde esse caminho me levará.
Se a ti ou se ao encontro de mim,
Onde a tanta, insuportável espera,
No trilhar, poderá encontrar seu fim.
Há certa ausência na esperança.
Vens-me no arco-íris do sonho,
Com olhos a sintetizar matizes:
Um prisma acentuando auroras.
E sopras fragrâncias de frésias
Na noite que a manhã evapora.
© Jean-Pierre Barakat, 24.08.2006