Relato de um outro suicída.
Busquei confuso um pouco de luz, pois meus olhos nada viam.
Tateei longamente o chão lameado e úmido sem vida.
Chorei tristemente por não compreender o que se passava.
Uma ferida aberta em mim sangrava, latejava e não fechava.
Tentei chamar meus filhos, amigos, ou quem sabe, os vizinhos.
Por que será que ninguém a mim escutava, sendo que eu lamentava.
E sofria por esta ausência de quem comigo convivia o dia-a-dia?!
No meu peito meu coração parecia não mais bater, o que fazer?
Se eu estava vivo porque morto parecia como um zumbi padecia?!
Buscava em minha memória o fato ocorrido, a compreensão não me vinha.
Passei a chorar e com o tempo a urrar pelas respostas que jaziam comigo.
Lembrava-me de um túmulo que distante trazia a placa gravada meu nome.
E o tempo passava tão vagaroso sendo que o dia não terminava e eu,
Nunca dormia, a fome sentia e uma sede insaciável a secar meus lábios.
A que males eu fui condenado neste mundo largado sem saber o que fazer?!
Muitas perguntas eu fiz porém sei que não quis ver o que realmente aconteceu...
Ceifou-me a vida o suicídio desesperado e insano num cano estrondoso da arma.
Meu corpo tombou e minha alma despertou no vale que agora estou rastejando.
Arrastam-se os séculos e meu sofrimento parece sem fim, escolha feita por mim...
Desacreditei da vida cortejando a libertação da morte, que não existe...pois a vida,
Continua!
Autor Desconhecido