POETA IN EXTREMIS


Damião Cavalcanti

Tão somente isto eu sou,

Não há tempo para ser mais,
Como fruto amadurecido,
Que resulta da árvore e cai.
Na queda, sou tudo isto,
Ser além de poeta eu desisto.
Recuso-me a querer ter,
Lutar com desastrosos ventos,
Disputar caminhos, destinos,
Tomado pelo desalento
E cansado contra os desatinos.
Sou realizado no meu ser,
Não quero mais do que sou,
Para ser mais não tenho tempo.