FIM DO ESPETÁCULO
Noite fria, noite de espetáculo,
Aconchegado num casaco de pele
Saio para assistir no teatro
A peça final da vida tão singela.
A lotação do teatro está no limite
Chego com o ingresso nas mãos, entro!
É gentee gente nas cadeiras em filas
Atentos, até mesmo, nos fios do vento,
Que tocam nossas faces frias.
As cortinas se abrem e os artistas
Surgem numa cachoeira de fumaça anil
Sorrindo pintados e felizes
Falando do tempo e da vida.
Seus corpos vestidos de negro
Dobram-se a cada passo e no giro
Do bailarino sapateando perfeito
No palco imprevisível da vida.
Atento! Olho tudo com leveza...
As pessoas tácitas perdidas
Nos atos aureolados de sonhos e belezas
Indo e vindo no palco místico da vida.
No som musical o encanto de quem sonha
Vendo-se adejando na paixão de viver
Vestindo-se de cores exuberantes
Vivenciando o espetáculo com prazer.
Nos corações o sonho ali amarrado
Arquivados, aptos a se renovarem...
No toque sublime que suscita da alma
No alvor de cada fim de madrugada.
Tácito! Fecho os olhos veja mil imagens,
Passando na mente todas apressadas
Nas telas do tempo apensas a alma
O desejo de viver sonhar e amar.
É hora de voltar a nobre realidade
De viver entre risos e lagrimas
De sentir que chegou a hora real
De escrever: É FIM DO ESPETÁCULO.