MINHA NAU
Sofrendo neste “vale de lágrimas”
Numa busca que não sacia
Navega minha nau errante
Em anos e anos de agonia!
Ela segue seu destino
Enfrentando os temporais
E quando vem mansa noite
Aninha-se em meio aos corais.
Ao romper de novos dias
Seu casco sempre revela
Marcas de suas disputas
Até mesmo em suas velas!
Extenuada de cansaço
Após este esforço homérico
Olhando o horizonte vasto,
Indago se não é quimérico!
E eis que vem branca nuvem
Em meio à fresca brisa
E me sopra aos ouvidos:
“Você não está vencida!”
“O mau tempo que te consome
vem seu trabalho fazer:
Torná-la firme e forte
Não se deve esmorecer!”
O mar que agora acaricia
Os açoites que já lhe dera
Mostra-se cheio de vida
A mais salina primavera!
E em suas espumas encontro
O retrato de alguém
A mostrar-me que não estou só
Que vale a pena ir além!
Estas lutas foram só o começo
Da minha grande jornada
De encontro a morada
Deste que caminha sobre as águas!
Buscando os rumos certos:
Oração e vigília,
Caridade e aprendizagem
E o evangelho como guia
Vou seguindo esta viagem
Minha nau, quanto mais velha;
Mais robusta me parece!
Cada marca, uma vitória;
Uma conquista acontece! São bênçãos
Respostas das minhas preces!