Bola da vez!
Passava eu meio intranqüilo pela rodovia,
uma madrugada turbulenta,
muito fria, calma apenas em aparências,
pois dentro em mim tudo fervia,
nas sombras eu via crianças que não sorriam,
devido aquela brisa elas apenas gemiam,
via-as chorar, queria ajudar,
elas pediam por pão, e minha razão
se pôs a suspirar, como se pode ver crianças assim sofrer?
‘Onde estarão os agentes dos conselhos
Dos que as leis batem no peito e proclamam
Dormem em seus leitos
O contrato do mês quitado
Pelo seu chefe eleito...’
Como as dar de comer?
Se até mesmo eu nada tinha?!
Fiquei sem saber por que tudo tem de acontecer?
Cheguei em casa e comecei a escrever...
Num grande lamento,
só Deus sabe o que sinto neste momento,
ver crianças sem escola,
meu ser em tormento,
de onde passava sentia o cheiro maldito da cola
Essas vidas sem esperanças,
vi tantas que na calçada dormiam, tão frias...
Meu coração doeu e fiquei impaciente
saí pela rua e demente
gritei bem alto:
__ Por quê?!
Aquela visão me acompanhava
Cada vez que meus olhos eu fechava
Gente por coma de gente
Temendo o frio que passavam
Seria um milagre se daquela noite
Alguma delas sobrasse...
Minha alma poetha
Travou diante daquele horror
Não sabia pensar diante daquela proposta
De vida tão dura...
Eles sob o viaduto rumo à sepultura
‘E os políticos em Brasília desviando verdadeira fortuna...’
Perdidas vivem acolhidas
Pelos gestos rasteiros
São vítimas do engodo
São moeda de barganha
Nas trocas das posições
Uma hora é a senador e noutra a deputado
Pode ser uma hora Vereador,
Prefeito ou governador
Servidores silenciosos
São a bola da vez nas eleições, pobres coitados