Além
Além
Pairando no ar frio
Esvoaçando em tons sem cor
Senti um arrepio
Uma pontada, uma dor
Podia ser passageiro
Ou um leve mal-estar
Mas eu julguei que não
Pois atingiu-me o coração
Lá, entre a nuvem do nevoeiro
Eu vi doce alma passar
Um palpite invadiu o pensamento
Podia ser de bem ou de mal
Quem sabe não fosse um tormento
Uma conclusão, um ponto final
Mas a vida chamava o meu nome
A outra ainda não me olhava
Corri para regressar
Não mais havia de chegar
Parecia uma alma que some
Que terra sã não clamava
Leve triste e escorrida lágrima
Que subias sem noção
A página virava
Mas seguias sem caução
Lamentavas o destino
Que para ti foi traçado
Nascer de mim triste
E morrer ao meu lado
Cuspi sangue de dor
Pois à Terra não quis voltar
O Céu não estava pronto
Mas o Outro seguia a chamar
Eu decidi enveredar por ele
Sem espírito de bem
Falecendo minha dor
Para renascer em alguém
Os laços apertados
Finalmente se abriram
Almas que me protegiam
Tristemente partiram
Porquê?
Se eu sabia que era ruim esta chama imensa
Porquê?
Se a paz ficava num rumo distinto
Para fugir à triste vida
Escolhi traçar o labirinto
E agora ardo sem dor
Por ter abandonado a minha crença
E só eu sei o que sinto
Mas não vos proponho igual
O fogo é belo quando é criança
Pois crescendo não perdoa
Impõe o mal sobre a bonança
A luz é o caminho
Que vos aguarda eternamente
Pisai as pedras desse trilho
Ide à procura da boa gente!
FIM
Lacrima D’Oro