CASAMENTO NO TERREIRO
Olha aí meu compadre
Que eu já fui quase padre
E agora vou me casar
Na seita de Nagô
No culto dos eguns
No terreiro de OXUM
De mãos dadas com Oxalá
Com doze ministros de Xangô
Para termos riqueza de espírito
Fertilidade, felicidade sem precipício
Sob os auspícios, sem artifícios
De Ialorixá do Axé do Apo Afonjá
E eu caso aqui, ali, acolá... Já!
Porque não és qualquer um
Sois adepto de Olodum
És minha outra metade!
Gostas da batida do atabaque
Do Yaô no toque do agogô
Aprecias o Amalá e os orixás
De Songó à mãe Minininha do Gantois
E que o talentoso Semeador JL
Aqui tão bem poetou
Em 'XANGÔ SOBERANO'
E é porisso que a ele eu dou
O honroso título de Ajimudá,
Com respeito e a consideração às veneráveis
Mães-de-santo devotadas pelo sábio babalaô
Nesse sentimento mútuo de admiração ao culto
Nas palavras indefectíveis do profeta
Que maiS parece ‘Filho de Oranian
Poderoso Rei de Oyó
Parceiro do primeiro esposo de Iansã’ [...]
‘Que chorou de amor por Oxum
Foi amado, mas não amou Obá.
Só me lembro ainda de Kawô Kabiesilé!’
Declamado e muito amado pelo sábio babalaô
Antigo dignitário do terreiro
Dos pais e mães-de-santo,
Ogãs, Obás, Ebômes –
Senhora, Mãe do Axé,
Iáquequerê do Opô Afonjá
Obá Tossi; filha do Balé Xangô
Ilê Babá Omin, Obá Abiodum
Filho de ialorixá e Obá Cancanfô
A cerimônia liturgica na língua ioruba
Ojeladê seja um título, um oiê
No culto vibrante dos eguns
Reverenciado pelos velhos ojés
E os titulares do culto feito índios pajés
"Ojé, título em família que adora os eguns.
Ajelabi, Ojeladê, Ojeniram...".
Oiês, iorubas, eguns de Itaparica,
Nagô de Ojeladê. ioê,
Ialorixá dos Obás ou Ministros de Xangô,
Esses oloiês, Axé do Opô Afonjá,
Tendo a benção das ialorixás
E de Majegbassã que é um antropônimo
De uma longa série de nomes dados
A crianças que nascem e "vingam",
Natimortos ou mortos na primeira infância
Nomes especiais a "exorcizar" o espírito abiku
Que ameaça a vida das crianças iorubás
Então... Vamos todos rezar para o casório vingar
E que por todos seja aprovado a se realizar
Porque vai nascer muita poesia ao luar
E o amor florescerá à beira mar.
Hildebrando Menezes
Nota: Abiku significa, precisamente, "nascido para a morte".