Voarei para plantar em outras terras...

Sentimento descontente chega em mim
Aves estranhas e malvadas me perseguem
São poucas, duas ou três, porém carnívoras
E vivem me perseguindo dia e noite
Em tudo que faço lançam jatos de veneno
Percebo que querem matar meu jardim
A elas incomodo...sei disso!
Sempre soube! Não gostam de roseiras
Nem de seus botões e suas flores
Tão pouco da jardineira que os cultiva
Essa, mesmo com mãos singelas
Elas querem e desejam esmagá-la
Depois sugar seu sangue
E eu sou uma jardineira
Planto onde chego
Não importa o lugar
Vivo a cumprir uma missão...
Eternamente aro e preparo canteiros
Onde semeio e cultivo sem cessar
Sementes do bem e da paz
Ainda sabendo que nunca fico tempo suficiente
Para ver e sentir, a beleza e o perfume das flores
Ou viver a alegria de colher os frutos...
Pois as aves carnívoras  chegam antes
Mas chegam porque Deus permite
E isso ele me faz compreender e aceitar partir
Aliás, as aves me perseguem por causa dos frutos
Pois desejam destruir os canteiros
Antes que os frutos sejam gerados
E deixem cair no solo as suas sementes
Ou as entreguem ao vento para semear
As aves malígnas não permitem isso
Pensam que podem barrar uma obra de Deus
E aparecem onde estou
No período que antecede a colheita
Mas Deus nesse momento fala comigo
Me encoraja e determina com clareza
O fim do meu tempo ali naquele lugar
Ele me diz que a missão já foi cumprida
Que nada destruirá
O crescimento daquele canteiro
Porque as sementes do bem são eternas
E uma vez plantadas frutificarão para sempre
Porque carregam em si a memória do amor
Memória que jamais se apagará
E o vento a levará pra qualquer lugar
Quando sinto esse toque
Meu coração fica leve
Começo a arrumar minha bagagem
E mesmo sentido saudades doloridas
Alço vôo pra outras terras
Onde começarei tudo de novo
Até que cheguem novamente
As terríveis aves!
Querendo mais uma vez
Me exterminar...
Mas antes que elas cheguem
Cumprirei minha missão
Porque tenho certeza que é Deus
Quem me dar e me faz cumprir
Essa nobre tarefa
E o tempo que ficarei, ele o controla
Nesse meu lindo canteiro
O maior e o mais duradouro de todos
Chegou o fim do meu tempo
E em breve voarei...
Já sinto o vento que me levará
Para outras terras inóspitas
Onde meu coração e minhas mãos
Haverão de começar a plantar e cultivar
Novos canteiros para ali transformar
Qualquer terra estéril
Num bosque frutífero
Com jardim em contínua primavera

Fátima Alves/ Poetisa da Caatinga
Natal /21.10.09

                                 "Aos que me perseguem"
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 22/10/2009
Reeditado em 14/06/2012
Código do texto: T1880072
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