A meu Deus um canto ouso...
Onde...
existirem espinhos
sede a rosa
o aroma
a essência da flor...
Onde...
houver trevas
sede a luz
um farol
um sol no despertar...
Onde...
existirem guerras
sede a paz
a bonança
a verdade em atitude...
Onde
houver desertos
sede um oásis
a sombra
o encontro no abraço acolhedor...
Onde
existirem desenlaces
sede a união
o acerto
o acordo, na reconciliação...
Onde
houver chamas
sede o bombeiro
o braço amigo
a escada, o degrau, na água que lanças...
Onde
faltar o pão
sede o trigo
a semente, o grão
na mesa posta, a ceia...
Onde
brotar a tristeza
sede o sorriso
a fé,
a esperança, o colo, o acalanto...
Onde
faltar estrada
sede um caminho,
a bússola,
um guia, pronto a partir...
Onde
brotar a vingança
sede a doce palavra
o carinho
a concórdia, o amparo...
Onde
faltar água
sede a fonte
o cacto do deserto
a seiva que escorre das folhas...
Onde
brotar o ódio
sede o amor
a amansar o coração, a semear
a crescer, na infinitude do Teu (do nosso) DEUS.
AjAraujo, poema escrito em 23/9/79, por um caro e privilegiado momento de grande inspiração e imersão cósmica.
Homenagem a Jesus Cristo, São Francisco de Assis, S. Tomás de Aquino, Dom Hélder Câmara, Dom Pedro Casaldáliga e Leonardo Boff e aos amigos por me permitirem a eles transmitir um pouco dessa descoberta interior.