APENAS PÓ...

Queria ser ave, beber vento, esvoaçar

Sentir o sol nas penas, levantar voo e migrar.

Queria…

Que num roçar breve desafiando a gravidade

minhas asas tocassem ao de leve em ti, minha verdade.

Nesse céu feito estrada, onde porventura me aceitas

Recebe pedaços de nada duma humanidade que não rejeitas…

Mas não sou ave, sou só gente…

E às vezes por mais que tente ludibriar a minha pessoa

Aterro abruptamente

Mas entrego humildemente tudo o que me magoa.

Agradeço, sem saber se mereço ver assim tão além

e apesar da decepção, que advêm de tudo o que constato

Aceito sem aparato

Porque sei que não estou só.

Tenho faróis de brilho, um caminho por onde trilho

Da decepção resta apenas dó

e o dever de algo fazer

por aqueles que menos fazem...

Mas não ficará por dizer que somos todos iguais

O príncipe e o mendigo, o rico, o sem-abrigo…

Todos se desintegram como os demais.

E um dia, seremos apenas pó…