PALAVRAS
Senhor peço-te silêncio…
Perdoa-me a contradição, pois pedi tantas vezes o dom da expressão…
Pedi uma boca sem bloqueio, nem receio, que se soubesse expressar…
Mas Hoje, Senhor, peço-te o dom de saber calar.
Cala-me do fútil, do inútil, do intolerante
do arremesso, da falta de senso
do discurso arrogante…
Cala-me do jeito mordaz, que nem sempre é capaz de ter um bom efeito…
De frases sem raciocínio que levem ao declínio do que eu sinto no peito…
Rejeito a palavra pretensiosa que de acutilante faz doer.
Rejeito ser voz que dói, porque me mói e sofro
por ver sofrer…
E me faz arrepender…
Abstenho-me da opinião como juízo de valor, quem sou eu para julgar?
Sou apenas pecador.
Por isso te peço, Senhor, dá-me o dom de saber calar…
Que falem meus olhos num olhar terno
meus ouvidos escutem com submissão
minha mão se estenda num gesto fraterno
mas minha boca se abra com contenção!