Vivo assim...

Vivo como quem sorve a gota do sereno

Na sede da ressaca dos matinais

Vivo como quem absorve o impacto do golpe

Na rede da ressaca das marés estivais

Vivo como quem ouve o estampido surdo

No ronco da cuíca nos acordes madrigais

Vivo como quem comove o transeunte mudo

No troco da rica esmola nos gemidos abdominais

Vivo como quem reteve o grito no peito

Na angústia do infarto nos prematuros terminais

Vivo como quem louve o rito feito

Na réstia do absorto contemplar nos futuros germinais

Vivo como quem clame por Zeus adorado

No vício que tece os martírios zodiacais

Vivo como quem ame o Deus evocado

No silêncio da prece nos mistérios espirituais...

AjAraújo, o poeta humanista.