Acordes Celestiais

Nascestes numa cruz

entre o orvalho febril.

Nascestes em clamor de poucos

e feito alma emolduras as madrugadas.

Assim nascestes e sonhastes

pelas estradas celestiais

plantando o coração

de mármore de carranca

dorneada de fantasias.

Cruz fincada no peito

e entre o sombrear da lua

se enaltece de perdas

resquícios de vida

e emolduras vossa música:

divinal canção,

cândida vontade de ser feliz.

Mas a ruína é suprema

e tão voraz quanto as guerras.

Banhastes no azul celeste

e vistes o fogo arder nas almas

e aquela cruz, uma prisão

e a plenitude surreal da paz

em deserto dantesco e distante.