SABEDORIA - SONETOS EPISTEMOLÓGICOS
I
Vivo sempre tateando no escuro,
a minha vida é uma interrogação.
Que será de mim, terei um futuro?
E a voz do nada me responde: “Não!”
A vã filosofia de platão,
Aristóteles, Kant e Epicuro,
a luz cognoscível da razão,
o que eu procurava e o que eu ainda procuro...
Para onde vamos, para onde vou?
Quem somos nós enfim, enfim quem sou?
Será o mundo uma ilusão sem fim?
Procuro e não encontro uma saída:
quanto mais vivo menos sei da vida,
quanto mais vivo menos sei de mim...
II
Eu quando vejo a vida já não tento
Reduzi-la a qualquer definição,
Mas sinto-a com todo o sentimento
Que há em meu sentido coração.
Desligo o farol turvo da razão
E me deixo flanar no firmamento,
Deixo que me perpasse a alma o vento,
Sou vento, sou ar, sou imensidão.
Eu já não tento decifrar a vida,
Que a vida, esse mistério irrevelável,
Deve apenas crescer e ser vivida,
E diante daquilo que é inefável
Apenas me reservo uma saída:
Não explicar, mas amar o inexplicável.
Vagner Rossi