Nudez da Mudez!

Nudez da Mudez!

Delasnieve Daspet

Ocorre agora o despertar.

Te ouço em cada átomo de meu corpo,

Como se fora eu mesma.

Como se a voz sussurrada ao longe

Fosse a minha.

Vozes que evocam lembranças!

Recordar.

Como é bom reviver

A saudade de algo enternecedor!

Te quis tanto!

Quis?!

Quisera que assim fosse...

Amei e amo e nunca supus!

Jamais suspeitei este amor

Que hoje me mantém

- Neste inferno -

Do qual não quero sair!

Não és um mito.

Não uma ilusão.

Sei que existes...

Mas aonde ?!

Sinto tua presença

Mas não recordo teu semblante!

Há tantos séculos vago

Nesta busca incessante!

Porque não me é permitido

Contemplar-te uma vez mais?

Te evoco, Lembrança!

Te chamo, Espirito!

Vem!

Preciso de ti para

Resgatarmos nossos erros!

Vem!

Quero embalar-te,

Envolver-te docemente,

Com suavidade,

E perder-me no infinito que somos!

Mas - o que posso esperar?

Se giro -

( pobre grão de areia que sou! )

Eternamente em tua órbita!

Não posso culpar ninguém

Como causador de meu sofrimento,

Quis o efeito da causa

Que pagarei!

Hoje,

Apenas o silêncio tumular se faz presente!

Nem uma asa.

Nem um inseto.

Nem um tremular de brisa.

Nem um farfalhar de folhas.

Nem um ai!

Apenas a nudez da mudez!

A angústia do vazio!

E a arte é minha.

Assino embaixo dessa obra.

Reduzi o tudo ao nada!

Fui poupada

Para viver-te ó dor!

*Campo Grande - MS

às 12,00 hs de 19 fevereiro de 2.001

Delasnieve Daspet
Enviado por Delasnieve Daspet em 11/06/2006
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