Poema tranqüilo

Edson Gonçalves Ferreira

Minha casa pequena grita santidade

Custou duas vidas ardentes

Embora não seja de Nazaré

Será que Sant´Ana fez gosto

O casamento de Maria e José

Estigma de mãe solteira ainda assola

E depois a ventura asseada no aconchego do lar carpinteiro.

Eu tive..

Dá gosto de olhar os quadros na sala

Na parde, o retrato Deles e dos meus

Uma baita e deliciosa harmonia

José viril ensinando Jesus a carpintar e Maria tecendo

e muita flor, uma trepadeira nas colunas

e longe, um passarinho pousado num mourão.

Parece cheirar a pintura.

Tem tanta humanidade que não posso

Imaginar Maria sem beijos de José

Jesus sem os beijos e abraços de seus pais

A saudável adolescência do Menino entre

Entre as descobertas da natureza.

Fico pensando, pensando...

Eu tive um pai carpinteiro

e senti os perfumes das madeiras...

Eu tive uma mãe amorosa

e sinto o seu carinho sobre os meus ombros.

Ela ainda não me viu pregado numa cruz,

mas muito mais, porque eu já passei dos trinta e três

e não sou tão predestinado!

do livro "Rasgando os véus", lançado em 1985, com registros autorais tanto na Biblioteca Nacional como na Library of Congress The United States of America

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 14/06/2009
Reeditado em 14/06/2009
Código do texto: T1648345
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