Licença da vida
Eu sonhei que tava caindo.
Caindo, caindo. Do alto, do alto.
Mas eu tava sorrindo,
E grato, muito grato.
É que eu toquei o céu
E tinha realizado um sonho da vida
E se perguntassem o que eu queria,
Cair ainda.
Acordei eu tava subindo...
Subindo, subindo. Pro alto, pro alto.
Vi o riso sumindo
Dando lugar ao pranto.
Agora eu ia tocar o céu de verdade
E de vertigem, me senti tonto.
Minha alma ia tranquila,
Meu corpo não estava pronto,
Tinha saudades da terra,
Das boas coisas mundanas.
Quiproquó:
-Por que sorris assim? - perguntou o corpo à alma.
-Vou pra lugar bom, não perca a calma.
-Tenho uma dúvida: de que valeu a minha vida?
-As tuas tarefas cumpridas.
-Era isso o que eu temia...
E a alma seguiu sozinha.