NOITE FRIA, LUZ DE VELA

Quase sempre,

Nas noites frias de inverno

Em que mais se acentua,

Que estamos velhos e decadentes,

Fragilizados e doentes,

Corpo enrijecido, memória ausente

Que o irreversível tempo não atenua,

E o coração, esse coitado

Pelas paixões açoitados

Porém doando amor continua,

Quase sempre em desatino...

A alma, essa rejuvenesce a cada dia,

Sabendo-se livre, em breve desse fardo

Que carregou anos a fio

Mais leve, mais solta, mais sensível

Como a chama de uma vela,

Que quanto menor,

Mais emana luz em seu pavio

Pois nesse corpo se iluminou, evoluiu,

Aprendendo, nessa troca

Com quem vive ou quem partiu

E que vai queimando-se, numa chama amarela.

Às vezes, na vida, mais vale a viagem que o destino.

L U C I A N O

Junho / 2 0 0 9