MOMENTOS TEMPESTIVOS

Um dia a vida amanhece

No outro ela se acaba

Com seus raios fumegantes

A procela nos afaga

Agora é o boreal

Com todo açoite astral

O bem fica por cima

Por baixo fica o mal

E é a partir de então

Que ouço o roncar do trovão

A estrondar os meus tímpanos

Rasgando o ventre chão

E nessa algazarra celeste

A terra fica aturdida

Visivelmente abatida

Como o feno do agreste

Mas em tal caducidade

Que o homem se submete

Há de ter uma verdade

Que somente a Deu compete

O extrato da vida abre

Com o nascer da açucena

Vera de grande beleza

Cheiro de noite serena

Cada um tem seu papel

Aquele que amor não sente

Tem um retorno difícil

Nas barcas de Gil Vicente

Aquele que em toda vida

Ensinou buscar o mel

As fadas lhe dão cadeira

Assistem à chuva do céu.

Dinis
Enviado por Dinis em 23/05/2009
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