VIDAS PASSADAS
Vidas passadas
Encerram no âmago da memória
Tentando ocultar a verdade
Comprimindo os fatos da história
De sua antiga e longa trajetória.
Até que uma nova semente
Ao florescer em novo ente
Possa trazer para o presente
O difícil caminho do recomeçar.
Após acesa a chama da vida,
Aos poucos o conhecimento
Adquirido no distante pretérito
Começa a iluminar esparsamente
Os cantos ainda obscuros
As nuances massacradas
Pela insensata inconsciência
Aos poucos começam a clarear
Se examinadas a luz da realidade
Estas peças ao serem revistas
Voltariam a ser poeira ao vento
Átomos no mar do esquecimento
Sem brilho, sem cores determinadas.
Vivem na penumbra ofuscadas
Não podem ser postas ao lume
Perigando ser adulteradas
Olhos notívagos brilham ao luar
Espiam velados as almas passar
Tentando qualquer uma capturar
E em turbilhões a embrulhar
Para depois jogá-las ao léu
Para que perdidas vaguem
Por escuros caminhos errando
Sem direção pelos descaminhos
Sem que possam encontrar jamais
O verdadeiro repouso e conforto
Que amadurece e lhes faz
Encontrar finalmente a paz
Quis o Criador em sua inteligência
Que o homem em sua ciência
Não possa dispor da lembrança
De toda a sua eterna existência
Dando a cada pequeno capítulo
Do enorme livro da vida
O necessário tempo viver
Entre os intervalos esquecer
E analisar com desapego
Sem pressa e nenhum atropelo
Transformando o passado erro
Em provável e futuro acerto.