AO LONGO DA ESTRADA
Ao longo da estrada
Alguns caminhantes reunidos ,
Buscavam alimento encontrar
A sede saciar e do atalho sair
Onde perambulavam perdidos.
Através da estrada poeirenta
Estendia-se uma cortina cinzenta
Vários fantasmas disfarçados
Usando trajes feios macabros,
Com terríveis ardis armados,
Assaltavam os viajantes desavisados,
Ensaivam tudo as escondidas,
Ruminando maldade em suas investidas.
Carregavam a atmosfera
Com pesado gás mortificante
Que exalavam ao reviver
A dor dos que haviam massacrado.
De golge em golpe,
Bebiam a seiva do ódio
Com voracidade tenebrosa
Que a própria natureza
Se fazia temerosa
Destes monstros agitados
os golpes, os assaltos combinados,
manchavam as puras nuvens
que assombradas fugiam
por trás do horizonte.
Surgindo além impregnadas
Terrívelmente carregadas
Transmutadas em trovoadas
Raios fortes, trovões,
Barulhentos como vozes de vulcões
A cospir e vomitar fogo, brasas.
Dando finalmente vida
Aos monstros do despeito
Recém-nascidos dos filhos da inveja
Unida ao orgulho ignorante.
Alguns passantes se assustavam
Outros ouviam vozes,
Murmúrios, susssuros, lamentos
Sufocados no triste vento
Enterrados nos túmulos abandonados
Ao longo da estrada.
Não ollhes para trás,
Pois olhos agourentos
Te cobiçam com desejo sangrento
De te sugar até o último sentimento
Apagar o sopro de tua respiração
Deixar-te apenas carcaça ao relento.
Pobres seres aprisionados
Nas teias de terríveis verdugos
Lutam, debatem, revolvem-se
Em pesadelos muito escuros.
Ao longe querem vislumbrar
As fileiras de apoio dos que se foram
Marchando, enfileirados em direção
Aos raios de luz do sol maior.