Dona morte

Dona morte,

Pertinho de você

Eu sinto os seus olhos

Me vigiando.

Longe de você

Eu sinto o seu vulto

Me guardando.

Eu sinto medo.

Pois meu segredo é viver.

Eu sonho em ser como vinho...

Quero viver! Quero vida!

Não tenho prata, não tenho ouro.

Sou o andarilho do destino precioso.

Minha vida é meu tesouro.

Não apague a minha luz!

Sou feliz, sou seu mistério.

Desvie-me da sua cruz

E do endereço do cemitério.

Não tenho medo da velhice.

Ainda quero viver os anos da tolice.

Não sou como São Tomé!

Prefiro ser o escravo da vida

A ser o rei da morte.

Não tenho medo da velhice.

Ainda quero viver os anos dourados

da tolice.