POR QUE SERÁ ?

Hoje me escondo dentro de um casulo

Eu me vejo perdido no labirinto das idéias conflitantes:

Religiosas, não religiosas, Deus e o Diabo, perdão e pecado.

Não acordei ainda para perceber qual vale a pena perscrutar. Se vale a pena perscrutar.

Olho o horizonte da percepção humana e no âmago da visão estereotipada

Não consigo concordar com as idéias de Deus e da retidão que sou forçado a engolir

Não vejo Deus como ele é pregado nos diversos templos inchados de pedidos por dinheiro

Nem nos templos que nada disso se pede, vejo em cada um apenas a dissimulação.

Percebo que quanto mais o homem avança no templo do conhecimento do que seja o Divino,

Perde-se no idílio da ignorância e da idiossincrasia de cada um sobre o espectro Deus.

Perco-me nos caminhos dos mares insondáveis das ideologias conflitantes,

Que me matam a cada instante ao ver o lindo pôr do sol e a beleza que acontece a cada dia

A beleza da vida, e a vida na beleza que reveste a natureza. Nela vejo Deus. Deus diferente.

Um Deus puro, separado das idéias de homens santos e profanos na sua concupiscência de valor carnal...

Vejo uma figura de um ser simples, com seus megatons em pétalas de rosas nas mãos...

Em dissonância com tudo o que eu já vi de um ser carrasco que cobra e que se vinga do livre arbítrio

E em consonância com a quietude e a profundeza do íntimo da alma de cada ser que é glória sua.

Sangro-me no sangue derramado dos que lutam para preservar este sistema tresloucado

Dos que acreditam que a luta por um espaço geográfico lhe dará o direito de ser liberto

Bebo água no sangue dos que suas vidas deram para alimentar a fanfarrice dos marechais

Que não pintaram seu rosto, mas que deram da morte para os incautos se aflorarem...

Onde está a vida? Onde está o objetivo disso tudo?

Será que o propósito da vida consiste em morrer por um ideal construído por outrem?

O que queremos da Vida? Apenas um espaço vazio, sem vida, sem natureza, sem razão de ser?

Onde entra Deus nas questões, nos valores, nas incertezas que deixam os homens desiludidos?

Será que é Deus que não compreendeu o homem, ou o homem que não chegou a compreender Deus?

Veja bem: o que é ser feliz? O que é ter um amor? O que é viver a vida?

Quando foi que ter bens trouxe felicidade a alguém?

Quando que implorar nos templos foi-se ouvido por Deus?

Por que será que todo esse meu questionar me deixa questionável, frágil, agonizante?

Sucesso na vida não é ter bens, nem ter alguém ao seu lado, nem ficar sem alguém.

Sucesso na vida não é alienar-se de Deus, não é odiar outra nação.

No mundo em que vivemos, o que seria o sucesso do homem na sua modernidade?

Seria algo indestrutível? Seria a elevação do âmago do homem? Seria olhar para o ser que é homem? Eu estou morrendo, a menos que encontre a saciedade a tudo isso.

Autor: kaewan

nunespoeta@hotmail.com