PORTA ESTREITA
Tantas mentiras existem
nas verdades que inventamos.
Somos a máscara do zorro
quando agimos,
pra ninguém saber quem somos
e nem o que sentimos.
Queremos ser o herói dos outros,
mas o nosso rosto ninguém pode ver.
Porque ainda escondemos a nossa timidez
numa coragem sem identidade,
até passar o mês de agosto
com medo de morrer.
Nossos barulhos são silenciosos
e o nosso silêncio, tão barulhento.
Nossos pensamentos gritam por socorro,
a voz do povo só tem valor nas eleições.
E assim, o coração que habita o mundo,
chora, bate as asas e vai embora.
E apenas fica a nos esperar,
nessa porta estreita que um dia,
cada um de nós terá que passar . . .