Dos Abutres à Oração
Ouço por aí tantas loucuras
Estereótipos e suas travessuras
Travestidos de elétricos arquétipos
Do tipo que te proíbe extrapolar
Sair da mesmice e escandalizar
Onde palmilha a turma dos moralistas
Quase todos grandes fascistas
“Não se pode... Não se deve... Faz mal”
É o que escuto das regras do receituário
Mas é tanta baboseira em rótulos e etiquetas
Que entro logo em pinel e enxaqueca
Contra esses que se nutrem como abutres
A castrar do teu ‘cadáver’ o que resta de saúde
Do bonito que gravita na tua alma de artista
Da tua natural e emocionante simplicidade
Que nasceu pura e não se contamina
Na maldade da podridão e da falsidade
Onde o consumo fornica sua perversidade
E receitou feio na economia da cidade
Acho que é por isso esse vício maldito
Que espanta, alimenta e embriaga
Fecunda e abunda as insanidades
Retirando a beleza da plasticidade
Doando a todos a certeza
De que é possível cultuar a natureza
E a seus pés rezar com delicadeza
Fazendo do ato singelo e tão belo
O mais lindo relicário em ofertório
Possuído das ternuras e doçuras
Dedicado e fervoroso com bravura
Ajoelhado aos pés da Santa Cruz
Numa emotiva oração ao Menino Jesus
Hildebrando Menezes