Riacho de menino

Riacho de menino

Ao longe, as águas do riacho límpido de menino e puros sonhos de água pura a correr, quebram ao luar crescente nas pedras antigas do tempo e do limo.

Em meio a louvores ou espécie de hino do ontem, as águas agora barrentas perdem um pouco da clareza, mas continuam translúcidas e claras, mesmo sem saber, rumo ao universo do mar, com a essência preservada, beleza da natureza, misturada e até imaculada, mas, com a mesma fonte descendente e prudente de cheiro de mato, de regato, de pureza, fragilidade da mais inexpugnável fortaleza.

E aí... neste burbulhar, lembro tanto de mim, correndo como fio de água cheio de vida , cantar primeiro de filhote de pássaro azul, com planos e sem desenganos igual a um riacho límpido do sul, cachoeira e catarata descendo-subindo e cavalgando a serra...

Vida por um fio d`´agua, mera ilusão da única certeza, preparação em proporção direta e reta... para outra correnteza.

Lembro do menino de fios dourados. Olhar brilhante de anjo celestial...

Hoje, homem, feito, afeito as curvas e meandros do extenso rio, com olhar distante, sentindo o corte do punhal, solitário nesta esfera, terra de pisares e voares, era consciente e inconsciente da dor, sabendo que sempre é preciso ir em frente igual à nossa primeira correnteza, Lembro que sou homem-menino, descobrindo os meandros do ser, e que ainda é preciso ver e perceber outros córregos e nascentes incandescentes de novas águas límpidas que sempre estão, mesmo sem saber, ao nascer, ao morrer e ao renascer, em algum lugar acima ao abaixo, doce riacho a correr...a correr...apenas a correr...

andyfrança
Enviado por andyfrança em 08/01/2009
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