A controvérsia espiritual
O templo estava lotado, o ministro possuía o poder da palavra,
os fiéis atentos a cada gesto, cada palavra, parecia hipnose total,
o poder dele prendia por tentáculos quase o máximo dos presentes,
que poder possui a palavra! pensava eu um tanto abismado,
continuei nas minhas explanações na mente:
se esse homem falar: procurem os infiéis e matem todos,
destruam templos, tudo o que for motivo de pecado,
agindo assim vocês terão o paraíso certo com certeza.
mas, logo meus ouvidos não deixavam minha mente formar opinião
as palavras fortes do religioso inquisidor, ressoavam neles,
diferentes daquelas palavras que eu pensava que poderia falar,
na verdade o ministro com a Bíblia levantada para o alto relatava:
--- não deveis temer o mundo, o mal que existe nele,
nem as tristezas ocasionadas por doenças, calamidades
nesta comemoração do Natal rejubilai-vos, lembrai-vos pois,
Ele nasceu, todos que o seguem terão a vida eterna,
todos que o seguem se quiserem não passarão fome,
não terão tristezas, pois Ele já pagou todos os nossos pecados,
os que não o conhecem, mesmo sendo ricos, são infelizes,
portanto, se algum de vós necessitar de algo, Ele vos dará,
porque disse: “Vim para que tenhais vida, e vida em abundância,
eu na condição de servo do Mestre dos mestres, vos digo:
só os escolhidos merecerão recompensas mesmo aqui nesta vida!
Eu ali não conseguia deixar de notar as pessoas,
umas noventa por cento com certeza, fiéis convictos,
me sentia um estranho, talvez quase um infiel,
naquele lugar desde o ministrante, até a maioria dos ouvintes
pareciam abominar qualquer tipo de impureza, talvez sentissem imunizados,
novamente não pude nos meus pensamentos de formar minhas controvérsias,
pensava, Jesus nasceu extremamente pobre, numa manjedoura,
se fosse hoje, talvez numa casa sem água encanada, sem luz elétrica,
quando começou seu ministério, seus apóstolos ainda estavam longe da santidade,
pregava a necessidade de viver em santidade, abominava o pecado, mas não o pecador,
insistia na vida em humildade, comovia quando um pecador se arrependia,
igual aquela história que contava do pecador num templo sentindo-se indigno
permanecia no último lugar, repetindo sempre eu não sou digno...
Ah! Quantos templos religiosos, se Jesus aparecesse, faria sua controvérsia,
quantos templos ele procuraria substituir os ataques humilhantes,
por palavras simples singelas e infinitamente magníficas: o amor e o perdão!...