Vestes da alma

Vestes da alma

Rasguei as vestes antigas de minha alma

Para refazer com mais calma

Em tecido mais fino e liso

Sem costuras, sem rugas, sem remendos

Uma vestimenta translúcida e brilhante

Não pensem ser tarefa fácil

Uma tal mudança radical

Nem sei quando foi a última

Pois troquei de roupa tantas vezes

Que esqueci até mesmo de contar

Observei os retalhos todos rasgados

Poídos, sujos, empoeirados.

Alguns pedaços desbotados,

Outros carcomidos pelo tempo

Vestiam minha alma andrajosa

Pensei comigo mesma

Deve ter sido forte a tormenta

Nem das vestes sobrou muita coisa

Apenas baila no espaço

A alma nua, solta, meio confusa

Por ordem do Criador

As tecelãs do Destino

Logo trouxeram vestes novas

Senti-me linda flutuante

Em nova veste exuberante

As vestes de minha alma se rasgaram

As antigas vidas foram repassadas

Nada restou, os capítulos se acabaram

Da história errante de minha alma cigana

Só restam recordações já mutiladas.

A vida da alma na existência é assim

Como uma história sem fim

A cada nova experiência,

A roda da mutação percorre um ciclo

E o espírito pode se refazer do cansaço.