Partida
Ante o abraço longo e escuro da tenebrosa morte,
Somos pequenos grãos, perdidos em incerteza sorte.
Grãos de nada e com certeza, rodeados de estranhas asperezas,
Rolando de um lado a outro desordena mente.
Somos o nada, perante a única certeza: a morte.
De nada valem imensas riquezas
Pois, partimos só nós
A alma e a leveza,
Retirando do pó a nossa seiva.
Diferença de classes, diferença de cor
Diferenças no amor.
Tudo acaba quando se fecham nossos olhos.
Tudo é nada quando partimos deste mundo,
Mergulhamos em um sono tão profundo
Que de nada valem lágrima e flores,
Já não enxergamos as cores
De homenagens piegas
Não sentimos mais dores
Não se sofre por amores
Nem soluços abafados.
Todos iguais perante a única certeza:
A morte
Estendendo-nos seus longos e escuros tentáculos
E abraça a todos
Levando-nos ao aconchego de seu mistério,
Até a luz do divino renascer.
E os pequenos grãos se transformam em esplendorosas
Flores que se separando de seus odores
Voam livres pelo espaço, até o mais longínquo infinito.