A MUITO SE SABIA

Quem dera o mundo todo fosse profeta!

E o senhor pudesse derramar seu espírito sobre seu povo!

E entrássemos todos por esse caminho estreito e apertado,

Deixando as provações de lado...

Pois o que se aproveita o homem ganhar o mundo inteiro,

Se perder a sua alma?

Ou o que dará o homem

Em recompensa de sua alma?

Terá mais prazer no mundo

Quando a obra estiver consumada?

Ainda viverá de paixões efêmeras

Quando se der conta que está na eternidade?

Quem dera o mundo todo fosse poeta!

E o amor fosse traçado em linha reta!

Talvez o mundo perdesse sua vulgaridade,

E caminhássemos juntos a uma só verdade...

O que nós somos de verdade?

Onde fica a verdade?

Na ordem das idéias sem nexo,

Há uma caixa pra ela também?

Não era pra ser quem pensa logo existe?

Ou terá mais vantagem o homem

Conhecer o mundo,

Sem conhecer a si mesmo?

Ah! Continuarei sendo profeta,

Ainda que me digam raca!

Ah! Continuarem sendo poeta

Ainda que me digam louco!