LIBERDADE ANGELICAL

O menino derreou num poço d´agua amarelada,

sede insaciada, o maltrata, agonizando, febril.

Os pais que destino trás.

Sofrimento sem fim.

Seus lábios estalam com o calor abrasador do sol.

E com as conchinhas das mãos, sorve aquele líquido que mitiga sua dor.

Caminha cambaleante perseguido por sua sombra que insiste em imitá-lo.

Seus pés racham na proporção da terra que se abre obedecendo a lei do sertão.

A árvore imponente, o espera de braços abertos, oferecendo a sua copa desfolhada pela seca, e ali ele deita a sonhar.

Volita, alçando vôos espetaculares, qual passarinho em busca de novos horizontes.

Ao longe, vê seu corpinho deitado semi nu, descalço.

Moscas revoam seu narizinho que respira ofegante.

Qual mágica, ele percebe mãos invisíveis o vestir.

As roupas são outras, sapatos brilhantes, iguais a estrelas cadentes que o envolvem.

Alguém sorri pra ele, e a criança indaga:

Mulher, tu és um anjo dos céus, ou estou a delirar?

Ela sorri, o abraça, e do seu corpo exala perfumes e luzes diversas.

E naquele momento, as harpas dos céus ressoam na natureza canções angelicais, registrando o encontro de almas afins.

E aquela mulher que discretamente, enxuga uma lágrima que rola do seu rosto.

Pega a mão do garoto e o leva entre caminhos floridos. E neste caminhar, ela balbucia: Meu filho, mamãe está aqui. Vamos conhecer seu novo lar.

E desaparecem galgando Colônias Espirituais.

Deomídio Macêdo
Enviado por Deomídio Macêdo em 22/11/2008
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