O BRONZE DO OUTONO
O tempo passa para todos
para as faces de bronze também
Rostos que reluziam de sol a sol
e que amanheciam frescos e úmidos
orvalhados pelo amanhecer de um novo dia
hoje trazem na tez matizes de verde zinabre
um toque de nobreza em troca do viço da juventude.
Rostos que sofreram calados as intempéries do tempo,
alguns racharam, ficaram profundas fendas como as rugas.
Faces que pareciam sorrir ao olhar do insistente admirador
Incontáveis cenas do teatro da vida foram presenciadas.
Apesar de tudo firme permanecem, algumas aos pares
como se fossem inseparáveis pelas leis cósmicas.
Será que é o tempo que passa?
Ou somos nós os passageiros?
Somos viajantes, peregrinos das estações da vida.
As paisagens mudam, os ciclos se renovam
persistem em seus imutáveis movimentos
magnificamente orquestrados, alheios à nossa vontade
E as faces de bronze vêem o outono chegar outra vez
chega não só para elas, é certo que para nós também.
Outros outonos virão até o derradeiro inverno,
que se fará de ponte para o infinito
e o despontar de uma estrela anunciará
que a beleza da obra do escultor permanecerá eterna.
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Tahyane Rangel
Copyright© 2006
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