APENAS EU
Precisava arrumar a minha “casa”
Para entrar nessa nova viagem.
Deixando tudo organizado
Sem deixar nada de errado.
Achar lugar para guardar tudo,
Não foi fácil de encontrar.
Como por exemplo, a juventude que,
Guardei no recipiente da lembrança
Bem fechado e em local arejado
Para noutra ocasião usar.
Os sonhos, as fantasias e as quimeras
Meus “bibelôs gêmeos” mais ricos e preciosos
Os levei para o mar e lá os deixei para as Sereias
Se enfeitarem em noite de lua cheia.
A beleza, a vaidade nunca admitida
E os desejos efêmeros
Joguei na lata do lixo dos supérfluos sentidos
Sem relutar e sem remorso
Confesso até que, com certo alivio.
A esperança,
Deixei na varanda de minha “casa”
Para quem quiser com facilidade levar
Sem precisar de ninguém ter que roubar.
Na minha bagagem levarei apenas eu
Vazia, sozinha, repleta do nada
Contudo com pés firmes na estrada
Por onde não passa o “Transporte Poesia”
Todavia por mim passa
A certeza de querer voltar um dia
Para a mesma minha morada.
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