2000 Anos
Por ti, fui esmolar diante dos Templos do Egito.
Me postei sobre as areias quentes onde passei intermináveis dias,
A juntar moedas que me eram lançadas por caridade ou por ostentação de bondade.
Por ti, me degradei diante dos meus amigos a ponto de ficar isolado.
Fui rejeitado e banido como um cão sarnento pelo medo de serem por mim contaminados.
Mas mesmo assim, em toda minha vida, nunca deixei de te amar um só momento.
Mas mesmo assim, em toda minha vida, nunca te cobrei por tudo o que passei.
Lembro quando adoeci e dos teus cuidados dia após dia junto ao meu leito.
Lembro do teu esforço desmedido para minha enfermidade curar.
Lembro de tua dor quando parti, deixando-te abandona.
Lembro de como sofrestes, de cada lágrima derramada...
Lembro de toda tua saudade sentida.
Desde então,
Por dois mil anos te procuro em vão.
A cada nascimento uma esperança de reviver tudo o que foi deixado,
A cada nascimento, outro desencontro, outra morte e um atroz sentimento de perda
Na minha procura desesperada.
E por dois mil anos,
Andei de canto em canto percorrendo o mundo a tua procura.
E sempre uma procura incansável.
Sem nunca te encontrar, anos após anos com outras me deitei sem amar,
Na esperança de outros braços viver minhas lembranças
Tão longe por mim deixadas.
Agora que te encontro, minha pobre criança.
Ainda na puberdade e eu em idade tão distante.
Mais linda do que antes estende os braços para um afago,
Qual uma menina que busca o carinho paternal,
Me agarra e se joga em meus braços.
Olha para mim, acaricias meu rosto e não me reconheces,
Apenas sente a beleza deste meu grande amor.
Meu Deus!
Que busca perdida no tempo Senhor!
Olha pra mim e Veja o que fiz todos estes anos.
Que sentido havia então,
Em buscar minha vida de antes,
Se perdi viver tantos amores encontrados?
Minhas lágrimas refletem a dor do re-encontro tardio.
E sem entender,
Ouço-a apenas dizer-me com carinho:
Deixa que as lágrimas escorram,
Pois sinto que elas são lembranças de amor vivido no passado.
Carlos