Passeio anterior do autismo
Passear por dentre os seus campos
Semear suas colinas e colher flores
Nos seus vales e montanhas
do seu olhar lindo, vago, parado
É o seu dia-a-dia.
Saber que seus olhos invadem
A privacidade de seus próprios sonhos
Abrolhos, calorosos, desmedidos
Deleitando em azeites perfumados
mas a contar sem horizontes
É o seu dia-a-dia.
Roça o chão, roça as mãos
Na suavidade da pele
Mas não a sente
Agasalha o corpo
Na medida da necessidade
Mas sem aconchego
É o seu dia-a-dia
Terapias não dão nó no âmago
Da sua pena musical
Mesmo que armadas pelo tempo
Tempo do tempo do tempo
do seu autismo temporal
Da espera...
Do seu dia-a-dia
Via, vai, via, vai
Caminha,
Sabe que
Está só começando
Sente o precoce
sangue das teias
que percorre
todas suas veias
Vê a incorreção
da sua linguagem
Ao longo desta vida
Mas não da eternidade
Autoria de Silvânia Mendonça Almeida
Em 06.01.2002, em Belo Horizonte, às 23h59m.