K A R M A

Somente hoje, pude afugentar as mágoas

Que vinha guardando, depois de desabafar

Comigo mesmo, até que a melancolia

De mim tomasse conta e me deixasse

Tão rente ao chão, tal qual o meio-fio

Da praça em frente ao meu prédio

Que da janela eu vejo todos os dias.

Quem dera da alma a janela eu visse?

Quimera que me acalma como se ela ouvisse.

E me desse paz, e me desse luz...

Tristeza que se faz, caminho que me conduz,

Soluço vem e traz, destino que me reduz.

Por que somente agora pude abrir a porta?

E encontrar semente plantada em vida tão distante?

E no olhar perdido pelas sombras do véu do esquecimento,

A mente arde, na procura de se achar desde o nascimento.

Aquela semente germinou e eu estou de volta,

Carpindo o karma, me iluminando, vagarosamente.

Cumprindo a lei divina da ação e reação,

Tão perfeita que a mesquinha justiça dos homens

Nunca consegue entendê-la, pela sua simplicidade,

Pois a dor que nos ensina a gemer,

É a mesma que nos faz crescer.