Brincando com religião

Ninguém voltou pra contar

E se voltou não me contou.

Se há morte após a vida

Ou se há apenas um nada.

Se a gente vira pó

Ou se a gente reencarna.

Não sei se quando morrer

Vou parar no purgatório

Com Deus de um lado

E o Diabo do outro

Um é enorme,

Com rosto barbado,

O outro horrendo,

Atiçando com um garfo.

Pode ser que encontre um oriental

De olho puxado e sorriso gentil.

Da cabeça careca, um homem normal.

Sentado de lótus com seu corpanzil.

Comendo macarrão chinês...

Quem sabe eu ganhe algumas dezenas

De virgens lá no Paraíso

Se um dia for à Meca

Se é que isso é preciso.

Ou talvez eu seja uma delas por ser mulher?

Isso me põe tantas dúvidas

E a religião me põe tantas dívidas

A sociedade exige uma crença

Até de quem não acredita.

Por isso, digo e repito,

E assim também creio eu,

Felizes os que podem dizer:

“Sou ateu, graças a deus!”