Derradeiro Instante
Derradeiro instante
Meus olhos vermelhos
Cansados de tanto chorar
Se miram nos cacos de espelhos
Quebrados no fundo do mar
Escorrem saudosas lágrimas
Salgadas, teimosas
Minhas faces estão a molhar
Os pedaços esparsos no fundo
Na penumbra resistem em brilhar.
Meus olhos se fecham
Me ponho a imaginar
Como seria viver no fundo do mar
As imagens refletidas nadam,
Tentam chegar em vão a superfície,
Pois não têm chão,e morrem aos poucos,
Nas ondas que beijam a areia das praias
E se quebram na brancura da espuma
Meus olhos vêem além do horizonte
Algum ponto distante e brilhante
Poderia ser também um pouso equilibrante
Na realidade, o brilho de um só diamante
Refulge no véu noturno agora cintilante
Resplandece no fundo oceânico e atlante
Minha alma solitária e confusa
Navega no espaço inter dimensional
Rompeu os limites do espaço sideral
Ou tive um grande abalo emocional
Mas creio ser este momento “sensacional”.
O extâse profundo de um ser pensante
Que raramente consegue atravessar a barreira
Que nos impõe a fria realidade conflitante.
Livrar-se, flutuar, vagar errante
No universo, além deste mero instante.
“Ver” com os olhos do espírito
fora da rotina diária e fustigante
mesmo que apenas por um momento
é “viver” longe do triste tormento
é a vitória, o momento do “triunfante”.