Esperas
Compadre Lemos
A vida do homem,
na face da Terra,
é uma constante espera:
Nove meses, para nascer, espera.
Ao nascer, alguns momentos espera,
para abrir os olhos.
Olhos abertos, alguns anos espera,
para entender o que se passa
ao seu redor.
Espera para identificar cores,
objetos, sons, vozes...
pessoas.
Espera e aprende
a se comunicar. O choro, a palavra,
as frases, o texto...
Espera o tempo certo
para adquirir cultura, conhecimento,
sabedoria!...
E, se sábio se torna,
espera. Para formar outros sábios,
ensinando o que sabe,
devolvendo ao mundo
o que o mundo lhe deu.
E Vida, sucessão de esperas,
é, em si mesma, uma espera
pela morte física, inevitável!
Morte que marca o início
da Vida Eterna, outra espera,
infinita, ao lado de Deus.
Só uma coisa o homem
não aprendeu a esperar:
Homem nenhum espera
o dia de ser livre!
Sem liberdade não se nasce,
não se abre os olhos,
não se aprende, não se cresce.
Não se é, senão o olhar
vago e desesperado
dos que não sabem o que são!
Sem liberdade não se morre
a boa morte dos homens.
( Pois que ainda nem se viveu! ).
Liberdade!... Eis a meta
pela qual não se espera.
Liberdade é Vida!
E Vida... é agora!...